COAF-RJ 10 anos: Uma história de SUCESSO

10/03/2017 19:34

Passo decisivo:

- Vencemos uma batalha contra a mediocridade, o corporativismo e pela excelência na arbitragem;

- A batalha girava em torno de um projeto liderado por mim, que previa a reestruturação da arbitragem do Rio de Janeiro fundamentada em três pilares: planejamento, inovações tecnológicas e crescimento sustentável. Também previa, dentre outras coisas, implantar avaliação de desempenho e aumentar a carga de treinamentos físicos para os árbitros da COAF-RJ;

- Apesar das resistências, estávamos convictos do caminho a seguir. No período de 2008 a 2016, 236 árbitros e árbitros assistentes deixaram o quadro de arbitragem da FERJ, a grande maioria por se recusar a aderir ao novo sistema baseado em disciplina, planejamento, organização e execução, necessariamente nessa ordem;

- Me lembro da primeira reunião com os integrantes da comissão de arbitragem quando debatemos e definimos o projeto de reestruturação da arbitragem carioca. Meus assessores diziam que era impossível fazer qualquer coisa para modificar a arbitragem carioca, enquanto eu acreditava que era possível mudar na crise, desde que haja liderança. Eu, na oportunidade, disse as seguintes palavras:

“A arbitragem carioca precisa de alguém que nos leve a atravessar o mar vermelho e logo depois o deserto. Estamos dando um passo decisivo no longo caminho a percorrer para tentar um lugar entre os melhores do Brasil. Não podemos perder a oportunidade de fazer história”.

- A nossa luta era para alçar a arbitragem do Rio de Janeiro ao padrão internacional, patamar do qual, não há duvida, estamos muito distantes, mas, sem dúvida, hoje somos uma referência nacional;

- Há um abismo entre a preparação da arbitragem europeia e a brasileira. O ambiente lá é muito mais próspero financeiramente, competitivo e intolerante com a mediocridade;

- Nossa proposta foi adotar uma filosofia comum nos Estados Unidos. Os “tipping points” (pontos de virada), ou seja, nós tínhamos a consciência de que não mudaríamos tudo de uma vez. Então, estabelecemos os pontos que nós deveríamos mudar e que poderiam produzir consequências sobre todo o processo;

- Ao observar e avaliar nossos árbitros e exigir deles mais comprometimento e dedicação, o novo regime da COAF-RJ não tem o propósito de castigá-los, mas, sim, de oferecer-lhes uma chance real para que evoluam e até ganhem destaque;

- É de espantar que um grupo tenha resistido a um sistema que, na essência, valoriza o mérito. Só com algo assim esses profissionais poderão sonhar com algum protagonismo no cenário da arbitragem nacional e internacional;

- Grande parte do grupo tem alto padrão e sonha destacar-se no cenário nacional, mas alguns fazem de tudo para acobertar seus velhos vícios e não expor as próprias fragilidades. São justamente esses os que não querem nem ouvir falar em mérito;

- Essa era uma postura encabeçada por parte dos profissionais que eu comandava, de permanente afronta a disciplina e a busca pela excelência;

- Não dá para pensar em avanços relevantes sem que os árbitros coloquem de uma vez por todas a arbitragem no topo de sua lista de prioridades. Eles devem perseguir sua melhor forma e seguir as regras, como qualquer outro profissional;

- Hoje, a COAF-RJ estabelece um sistema de meritocracia e desenvolve um plano de carreira quando um árbitro é incorporado ao módulo de profissionais. O mesmo sabe que irá ingressar no time dos melhores e que está em um ambiente altamente competitivo, onde é inadmissível que alguém atrapalhe o conjunto com um desempenho medíocre. Infelizmente, esse tipo de lógica não rege nossa cultura, daí a necessidade de estabelecer um novo paradigma, muito simples. Ou seja, o de que um quadro de arbitragem para valer os investimentos realizados e as cotas de patrocínios contratadas, deve ser um quadro de qualidade elevada;

- Me refiro a busca obcecada pela perfeição. Li uma entrevista de um grande maestro alemão, Kurt Mansur, de 83 anos, que é o maior especialista em Beethoven do Mundo. Ele disse: “Vou dedicar os anos que faltam de minha vida para estudar ainda mais as obras de Beethoven”. Essa declaração nos remete ao que deve ser sempre, o maior objetivo não apenas de um músico, mas de qualquer profissional ou instituição: não se deve almejar menos que a perfeição;

- Tínhamos a exata noção de que seria impossível obter novos resultados sem quebrar velhos paradigmas. Ao longo de uma década, procuramos introduzir inovações, que tinham como objetivo agregar valor ao desempenho da equipe de arbitragem:

# Concentração para os árbitros;

# Árbitros assistentes adicionais;

# Técnico de arbitragem;

# Tempo técnico obrigatório;

# Mudança na dinâmica de movimentação do árbitro central (bola 3);

# Criação do módulo AF (Árbitros do Futuro).

- Fomos duramente criticados, chamados de inventores por alguns, mas a realidade mostrou que estávamos no caminho certo, pois todas as inovações antes criticadas foram adotadas em âmbito nacional e internacional. O que os críticos chamaram de invenção, nós, da COAF-RJ, chamávamos de visão, pois a inovação é assim: ver o que todo mundo vê e pensar naquilo que ninguém pensou;

- Sei que existem limites, mas gosto de estar perto deles e de empurrá-los para mais longe. Em inglês, usa-se a expressão “great by choise” para definir uma pessoa que decide não ser comum, que escolhe ser alguma coisa a mais, ser um ponto fora da curva.

- Alguns me qualificam de insensível e autoritário. Acho curioso, mas as decisões de caráter administrativo, bem como as disciplinares, são tomadas por mim de forma monocrática. Entretanto, as técnicas são sempre decididas através de um colegiado. Portanto, sou exigente como a função requer. É um pré-requisito do cargo que ocupo e não tem outro jeito de almejar um lugar entre os bons, senão pela exaustão e pelo trabalho;

- Para mim, é tudo muito cristalino, ou seja, no meio dos bens intencionados, havia um pequeno núcleo que se encarregou dia e noite de tentar minar o ambiente de cooperação e harmonia que conseguimos implantar. O interesse maior dessas pessoas era vencer uma queda de braço não apenas comigo, mas com a entidade maior que é a FERJ, na qual estamos todos subordinados. Está claro que a luta deles passou o tempo todo ao largo do essencial: a qualidade, a transparência e a excelência da arbitragem;

- Meus eternos agradecimentos a minha equipe de trabalho, membros da Comissão de Arbitragem, instrutores técnicos, instrutores físicos e colaboradores administrativos. Sempre que recebo um elogio a respeito do trabalho desenvolvido pela COAF-RJ, respondo que Jorge Rabello é o conjunto dessas pessoas;

- Agradecer também a todo o quadro de árbitros do Rio de Janeiro por acreditar nesse projeto. Mais do que o interesse, nós precisávamos do comprometimento de todos. Foram eles que criaram no Rio um ambiente próspero para os que querem atingir seus objetivos, terrível para os preguiçosos;

- Por fim e não por último, quero deixar registrado o meus eternos agradecimentos ao Dr. Rubens Lopes, Presidente da FERJ, pela oportunidade, carinho, atenção e paciência ao longo desses 10 anos. Não fosse seu apoio financeiro, político e material, seguramente não estaríamos na metade do caminho em busca de nossos objetivos;

- Na vida tudo passa e nós também iremos passar. O grande legado que deixaremos é ter transformado a COAF-RJ em um exemplo de instituição sólida, que tem em sua essência princípios como disciplina, espírito de equipe e a busca constante por excelência, inovação, qualidade e competividade.

Jorge Fernando Rabello

Presidente da COAF-RJ

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