FERJ responde o Extra e O Globo

18/03/2018 11:40

Em referência à matéria veiculada pelos jornais O Globo e EXTRA deste domingo (18/03), com críticas ao público nos estádios do Campeonato Carioca, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro publica na íntegra as respostas enviadas à reportagem que, aqui, retratam fielmente a visão e preocupação da entidade:

*1. O Campeonato Carioca é apenas o 11º em média de público. Não preocupa a FERJ estar atrás dos estaduais do Pará, de Goiás e da Paraíba, por exemplo, que sequer têm representantes na Série A do Brasileiro?*

Preliminarmente peço licença para um ajuste na pergunta, acrescentando os termos “no estádio” à referência da média de público objeto de comparação, e aí sim, obviamente, este fenômeno nos tem causado não só bastante preocupação como também nos tem induzido a estudos e análises sobre as possíveis causas e variáveis existentes e a quantificar a influência e o impacto de cada uma delas sobre a evidente e incontestável desmotivação do torcedor em comparecer aos estádios, de forma que possam ser estabelecidas propostas e ações para minimizar e corrigir essas distorções.

Fundamental que a análise do público que assiste ao Campeonato Carioca não se restrinja aos torcedores que estão no estádio, cuja média nos assusta, mas que se estenda e abranja o chamado público da poltrona, ou seja, o público que acompanha e assiste ao campeonato pela televisão e pela internet. Sob esta análise o somatório do público dos campeonatos dos estados citados, talvez juntos não atinjam a 50% da audiência do Campeonato Carioca.

O Campeonato Carioca é o campeonato regional com transmissão para o maior número de cidades e estados do Brasil e também para o maior número de países. Os filiados recebem cotas para 3 meses de competição maiores do que o patrocínio máster de muitos clubes durante 12 meses e as transmissões das partidas do Campeonato Carioca, sejam por rádio, internet ou televisão, superam a audiência de muitos, senão quase todos os programas das próprias emissoras que as transmitem. Talvez se fossem divulgados esses números alguns equívocos deixariam de ser cometidos e as conclusões sobre o público do Campeonato Carioca não se afastassem tanto da realidade, não pretendendo com essas afirmações ignorar ou minimizar o fato extremamente negativo de jogos com estádios vazios e resolver isso é o nosso desafio.

Apenas não se deve confundir a opção de não ir aos estádios para assistir aos jogos pela internet ou pela televisão, com desinteresse pelo campeonato. E se a quantificação da audiência não fosse importante, alguns programas de televisão sequer tem auditório e batem recordes de público.

*2. A que fatores a Federação atribui a média de 2.323 pagantes por jogo?*

Como já disséramos, são muitas as variáveis que parecem ter influência no processo e nesse sentido é fundamental que se ouça o torcedor e temos feito isso. Entretanto algumas de suas justificativas, isoladas ou em combinação com outras, para não ir aos jogos, não são de solução simplista ou dependente de decisão unicamente da Federação. A crise por que passa o Estado do Rio de Janeiro. Crise de autoridade, de respeito, financeira; a falta de segurança em todos os níveis; o horário de muitas partidas; o preço dos ingressos; a falta de estádios; a ausência de ídolos; a qualidade de alguns elencos; o local do espetáculo; a falta de definição precoce do local de algumas partidas são algumas das variáveis que merecem atenção.

A crise generalizada por que passa o Estado do Rio de Janeiro não precisa de comentários, adendos ou sugestões porque todos sofremos as consequências da situação e quase todos tem consciência e noção do que está acontecendo.

A falta de segurança cada vez mais se agrava a ponto da própria força policial se sentir insegura e prejudicada no exercício de suas funções, pelos motivos mais variados, impedindo ou recomendando que não sejam utilizados estes ou aqueles estádios, principalmente os de menor capacidade de público, quando outrora tal não acontecia e sua utilização era plena, com torcedores e sem problemas.

Chegou-se ao ponto de não poder ser realizados jogos de três clubes grandes no mesmo dia em função da violência de alguns de seus “torcedores” e dos conflitos iminentes até mesmo em vias públicas. Isto influi na tabela, dificulta e prejudica o torcedor. Apenas como exemplo, por questões óbvias e por força de regulamento inclusive, as partidas da última rodada e que interessam a todos os clubes devem ser jogadas no mesmo horário. Pelo que anteriormente já foi exposto não é permitido sua realização na mesma cidade. Resultado: o Flamengo teve que sair do estado e o Fluminense teve que jogar em Bacaxá.

Por questões de segurança o Flamengo não joga em São Januário; O Botafogo e o Vasco não jogam na Ilha do Governador; a TV não quer transmitir jogos noturnos em Edson Passos; o estádio do Madureira está vetado para times grandes que também não jogam em Nova Iguaçu e nem em Cabo Frio e Resende;

A TV, que paga muito bem pelo campeonato, não transmite de muitos estádios e tem o direito, por força de contrato e de regulamento aprovado e assinado por todos os clubes, de optar por dia e hora de suas transmissões, opção feita, muitas vezes na semana da partida, em função do interesse comercial da transmissão.
Jogos com início às 21:45h e término quase meia noite numa cidade sem controle amedronta e afasta o torcedor.
Jogos aos domingos à noite não estimula o torcedor a ir ao estádio e isto se agrava principalmente se os elencos não se apresentam com seus principais astros.

O preço dos ingressos e os produtos no interior dos estádios são muito altos para superar a insegurança, a precariedade do transporte público, o desconforto, a inadequação do horário, a falta de ídolos e a importância da partida.

De uma forma resumida essas são algumas das justificativas dos torcedores por fazerem a opção de assistir ao Campeonato pela TV ou pela internet.

*3. A Federação acredita que o atual formato da competição contribui para estádios vazios? Afinal, é boa a possibilidade de os quatro grandes chegarem, de qualquer maneira, à fase decisiva.*

A forma da competição não é o fator preponderante, predisponente, e nem desencadeante dos estádios vazios e o torcedor não tem no formato suas principais críticas, queixas ou motivos para não ir ao estádio. Fosse o formato fator de desinteresse pela competição e os números de audiência, como já assinalado e do conhecimento de todos que tem seus programas de rádio ou televisão sobre futebol.

Quanto a possibilidade dos quatro grandes chegarem à fase decisiva, desde o primeiro Campeonato Carioca, em 1906, que é assim que acontece em quase 100% dos 111 que já ocorreram, com todos os formatos que foram testados. No mundo é assim. Nos últimos 20 campeonatos da Espanha, 15 foram vencidos pela dupla Barcelona e Real Madrid. E isto se repete na Inglaterra, na França, na Itália, em Portugal, etc. No Brasil não é diferente.
Mas em nenhuma hipótese a FERJ é impermeável a mudanças; apenas entende que devam ser implementadas desde que com bases técnicas e elementos de probabilidade de melhora bem claros e consistentes e que atendam aos clubes, ao torcedor e aos interesses comerciais, principalmente por quem paga pelo produto, que é a TV, no momento a principal fonte orçamentária da grande maioria dos clubes. Não se está em época da achologia, do palpite ou de soluções ilusórias e simplistas, sem considerar as inúmeras variáveis que tem influência no resultado.

Qualquer que venha ser o formato da competição, não há chance dos aspectos comerciais deixarem de ser considerados como fator preponderante. Assim não fosse, bastaria que os clubes abdicassem do contrato da TV, colocassem as partidas nos horários e locais que melhor lhes conviesse e cobrassem preço não superior a um refrigerante. Dificilmente os estádios não ficariam cheios mas dificilmente as obrigações mensais seriam pagas. Entretanto, convém assinalar e deixar bem claro que a Federação não se opõe ao debate sobre qualquer assunto que possa gerar benefícios para os clubes e para o torcedor; é apenas a síndica dos clubes e faz o que eles decidem, dentro de suas competências individuais ou em colegiado.

Se for preciso mudar, que seja mudado.

*4. Existem discussões internas e/ou com os clubes para tentar melhorar esses números? Quais projetos estão em pauta? Existe inspiração em algum outro estado?*

A FERJ tem feito todo o esforço, reuniões, propostas e, como a maioria, não está satisfeita com a situação e continuará lutando para as correções que se fizerem necessárias. Já debatemos em duas reuniões ações para melhorar o público. E teremos outras e tantas mais ao longo do ano, necessárias para as soluções. É nossa busca incansável tirar o torcedor da poltrona. Recentemente reunimos os departamentos de marketing dos clubes, dos quais esperamos mobilização. Foi citado o caso do Campeonato Paulista e da Copa Verde sobre a troca de garrafas Pet por ingressos. O certo é que o tempo não tira o charme do Carioca. Queremos estádio cheio, torcedor seguro e bom futebol. Não há descanso até atingirmos o objetivo.

Agência FERJ

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